Existem pessoas que acreditam que o estômago encolhe ou expande permanentemente quando mudamos os nossos hábitos alimentares. Contudo, o lado psicológico possui um papel fundamental (e talvez muito maior) no quanto você consegue ingerir diariamente. Vamos entender melhor como é o funcionamento desse processo.
Antes mesmos de nós nos servimos para jantar ou almoçar, o processo digestivo já tem início. Ao saber que você está prestes a almoçar, as enzimas e os ácidos já começam a se acumular no estômago, enquanto os músculos do órgão relaxam para receber os alimentos. O estômago é elástico, pois deve receber os alimentos e expandir para acomodá-los, aumentando até cinco vezes de tamanho e depois retornando ao volume original.
O gastroenterologista Gianrico Farrugia diz que a dimensão normal de um estômago adulto em jejum é de 200 milímetros, podendo conter facilmente um litro após as refeições. Inclusive, em algumas pessoas ele pode até esticar mais, dependendo do tipo de organismo do indivíduo (característica de pessoas maiores e mais robustas). Mas também existem pessoas que apresentam dificuldades para expandir o estômago, aquelas que sofrem de dispepsia funcional.
Essa disfunção é caracterizada pelo fato de o revestimento do estômago ser mais duro, incapaz de relaxar completamente, proporcionando sensações de desconforto com quantidades relativamente pequenas de comida. Entretanto, tecnicamente, o estômago não é menor, ele só não é capaz de se expandir tanto. Mas é verdade que quanto menos você comer, menos você vai ter fome e vontade de se alimentar.
Restrições alimentares e suas consequências
A restrição alimentar crônica pode afetar o quanto você come para se sentir satisfeito. Por exemplo, em testes feitos com ratos de laboratório, alimentados com 20% menos ração do ideal por quatro semanas, houve redução de diversos fatores celulares importantes para as paredes do estômago, diminuindo a quantidade de comida que ele consegue abrigar.
Portanto, a capacidade do estômago relaxar realmente diminui quando você está submetido a dietas menores. Contudo, esse é um comportamento que não surge rapidamente e possui consequências graves – regimes de períodos curtos não provocam modificação. Estudos também foram feitos em seres humanos pelo Dr. Gianrico, e, apesar de os resultados não terem sido divulgados publicamente, ele diz que o comportamento no estômago pode se repetir.
Esse é um fato capaz de entusiasmar pessoas que querem emagrecer, porém não é algo 100% certo ou mesmo linear, já que depende do organismo individual de cada um e das respostas que o corpo terá – não há como combater a genética. Voltando aos testes com ratos de laboratório, mesmo depois de os pesquisadores reintroduzirem maiores quantidades de alimento, os animais não voltavam a consumir tudo o que consumiam antes (esse efeito não foi verificado em seres humanos), ocasionando um hábito permanente.
Além do mais, a restrição alimentar que dá origem ao não relaxamento do estômago pode trazer sérios riscos à saúde, como o desenvolvimento de anorexia e outras doenças crônicas. Em estágios avançados, não é só o organismo que é modificado, porém também o lado psicológico, que passará a rejeitar alimentos mesmo necessitando deles. Mas isso quer dizer que pessoas obesas possuem um estômago maior?
Não necessariamente, pois pessoas que participam de competições alimentares também não possuem estômagos maiores, ao contrário do que muitos pensar. É justamente o lado psicológico que não produz a sensação de satisfação nessas pessoas, devido à ingestão repetida de alimentos. Além disso, existem aqueles que conseguem relaxar o estômago com mais facilidade do que outros, o que contribui para os fatores mencionados. Não pense que um obeso possui um estômago gigante só por ele ter um corpo grande.
A elasticidade do estômago também depende de outros fatores, como hormônios, que variam de pessoa para pessoa. Mas de modo genérico, os estômagos das pessoas possuem o mesmo tamanho, independente de elas serem magras ou gordas – o diferencial reside na capacidade de elasticidade devido ao relaxamento muscular e no cérebro, responsável por enviar ou não enviar as mensagens de satisfação.